Conclusões sobre 2001: Uma Odisséia no Espaço


Durante a aula de História das artes, ficamos a par do que estava por trás da obra de Stanley Kubrick. Nas entrelinhas estavam referências artísticas e filosóficas que até hoje é motivo de debates. Fiquei instigado a tentar chegar a uma conclusão sobre o filme, o que não foi fácil, porque para cada resposta surgiam novas perguntas. A obra faz referências claras a obra de Nietzsche, Aurora, em que o limite das conquistas humanas é contestada com as perguntas: até onde podemos chegar? Temos um limite? Qual é ele?
Logo no início do filme surge o monólito com referências a arte minimalista, que é crucial para os questionamentos sobre a mensagem que o filme quer passar. A arte minimalista, que a princípio passa a idéia de que a obra é o que você vê, sem conjunturas ou explicações, na verdade abre discussões sem respostas até hoje. O próprio monólito que é de uma forma muito simples, intriga o expectador que, mesmo depois de 40 anos após o lançamento do filme, que tenta achar uma razão para a escolha daquele objeto.
No filme, este monólito está sempre presente nos momentos cruciais da evolução humana, deixando claro que o que move a humanidade não são as respostas, e sim as perguntas. Desde o encontro com nosso ancestral (“coincidindo” com o início do raciocínio), durante a descoberta do artefato na lua, em que o homem é provocado a procurar mais longe pela resposta do sinal emitido por ele, e chegando ao destino final, em que mais uma vez o monólito está presente para a conscientização do astronauta da existência humana.
Nos momentos finais e mais instigantes do filme, o astronauta consegue enxergar e perceber a trajetória de sua vida. Depois de uma viagem com alusão as sensações vividas por alucinógenos (comuns durante a década de 60) e mostrando um ambiente com referências ao Iluminismo, em que a “luz” do conhecimento emana dos antepassados e dos mortos, sendo a verdadeira base do conhecimento humano, e não do “divino”, como pregam todas as religiões durante a história da humanidade. A referência aos alucinógenos pode ser uma comparação ao Iluminismo de que, como na idade média, toda a década de 60 estava passando por um amadurecimento humano revolucionário, em que as consequências são sentidas até hoje.
Com cortes cinematográficos sublimes, Kubrick mostra como o astronauta consegue enxergar e perceber esta trajetória de vida de um ângulo externo, vendo sua vida passar, e em seu momento final da vida, vê o monólito a sua frente. E como por querer uma resposta tenta tocar o objeto (como os hominídeos a três milhões de anos atrás), e a resposta vem com a morte.
No próximo corte é o monólito que vê o homem...embrionário... renascendo, como que respondendo a sua pergunta. Logo depois o embrião enxerga a terra, como se a partir daí pudesse entender o que está se passando em todo planeta.
O que pude concluir do filme é que o monólito representa a consciência humana, instigadora, de que a partir de formas simples é formulada as perguntas para que o ser humano consiga evoluir. Como uma referência ao eterno retorno de Nietzsche (reencarnação??), o embrião espera sua vez de estar mais uma vez entre a humanidade para poder contribuir com seu conhecimento, conforme as idéias do Iluminismo. Por mais que pareça um paradoxo é o embrião que encerra o ciclo da vida evolucionária, pois ele já compreende o seu papel, porque com o nascimento inicia-se novamente a procura por respostas e a conseqüente evolução.